Ele botou a mão no bolso. Há muito tempo não o fazia. As recordações não eram das melhores. No escuro do ônibus, as balas eram todas iguais. Ele temia tirar mais uma vez uma daquelas balas de limão.
As balas no geral são gostosas. De imediato dão aquela sensação de prazer com sua doçura característica. Mas a bala de limão é um pouco diferente. Depois de um tempo, o gosto doce que antes dava prazer se torna azedo, quase insuportável. Tem gente que gosta. Ele, definitivamente, não.
Várias foram as tentativas, todas frustradas, e ele sempre acabava com o gosto da bala de limão na boca. Chegou a cogitar a possibilidade de não mais tentar a sorte, esquecer todas as balas ali, no bolso esquerdo de sua calça jeans. Mas no fundo ele sabia que, dentre todas aquelas balas, deveria existir uma única bala de caramelo. Aquela bala que deixaria pra sempre na sua boca um maravilhoso e inesquecível gosto doce.
Depois de algum tempo ele, enfim, tomou coragem, e colocou a mão no bolso, a procura de uma bala pra satisfazer a sua vontade. Resolveu dar mais uma chance pra sorte. Quem sabe, dessa vez, a tão sonhada bala de caramelo seja a sorteada.
Ele pegou uma bala com todo cuidado, minuciosamente tirou o papel, torcendo com todas as forças pra que não fosse mais uma bala de limão. Colocou-a na boca, e por um momento a bala se tornou parte dele. Dois corpos ocupando o mesmo espaço. O sabor, de início era delicioso, e deixou um gostinho de quero mais.
Agora resta saber se, ao fim, vai se repetir a mesma história, e permanecer o gosto do limão, ou se, enfim, ele encontrou a bala certa, aquela que teimava em se esconder no fundo escuro do seu bolso.
Qualquer comparação com a vida real não é mera coincidência...
Pô, eu adoro o azedinho das balas de limão...
ResponderExcluirFazemos o seguinte: te passo as de limão, tu me passa as de caramelo, e tá tudo tri! x)
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